sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

COMPLEXO CONVEXO


Me deixe ficar à sua sombra!
Não faça nada,
Não espere nada de mim!
Deixe-me apenas me aquecer
Ao calor de sua alma!


Quero poder receber seu olhar
Estar perto de você
Recordar suas feições
E saber que no mundo
Ainda existem opções!


Isso me basta
Nada posso te dar
Nem talvez eu queira
Alguma coisa mudar!



Ah! Como é bom me sentir assim
Energizado, amado!
Que ainda estou vivo
E que apesar de tudo
Ainda tenho uma saída!



Ah! E não quero mais que isso
Ainda nem sei o que quero
Sei apenas que ainda existo
E eu sobrevivo, apesar das paixões!



E isso me faz lembrar o que escolhi:
Um mundo escuro, sóbrio,
Claustro insalubre
Cheio de nada
Completo de vazio
Inquieto de tão incompleto
Seguro e tão previsível!
Mundo compreensível!




E você me faz lembrar
Porque um dia me desapaixonei!
Se é que um dia me apaixonei!
Pois escolhi andar descalço
Não precisar de calço
Andar nu, sem precisar me vestir!
Fazer jejum sem sentir fome!
Deixar de ser o que jamais fui!


Escolhi
Estender o braço
Sem ter abraço
Dar sem receber
Me guardar,
Pra não me machucar
Não amar
E não sofrer!



Você me faz bem!
Porque me lembra que um dia
Não sei bem porque
Mas quis assim!
E assim tenho vivido
Querendo outras vidas
Sem qualquer coragem
Pra vindas e idas!




Talvez a vida me mostre
O que eu ainda precise ver
O que eu temo
O que eu busco
O que eu abdico
São coisas
Que nem eu posso entender!




Quero apenas... me sentir vivo
Me esqueci do quê, pra quê!
Com você, lembro de tudo que quero
Quimeras de Homero...
Mas nada posso fazer e nem ter
Nem aquilo que um dia,
Num sonho de menino,
Eu quisera ser!



Talvez ainda eu entenda
Porque tenho saudades
De coisas que nunca vi
E porque me arde no peito
Uma dorzinha gostosa
De experiências de outrora
De um passado remoto
Onde nunca vivi!


*Rose Leonel

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