quinta-feira, 28 de março de 2013

O NOME DA ROSA




Fico me lembrando quando eu estava grávida do Calil. Sozinha, com minha barriga de quatro meses, me sentei na sala de um apartamento em São Paulo e assisti a uma entrevista do Jô Soares. Era uma mulher que havia se tornado famosa pela superação, pela guinada que deu em sua vida.
Ela deixara tudo de sua outra vida, e recomeçou de novo. Não levou nada consigo. Totalmente desapegada, ela tudo de novo, apenas levando a roupa do corpo. E deu certo! Ela recomeçou e venceu!
Assim também quero fazer. E falar: vim, vi e venci!
Aquela noite, vendo aquela mulher que falava sobre o poder de acreditar e  lutar pelo que se acreditava, eu tive um insight. Ali, sozinha, comendo batata Rufles, eu decidi: eu posso e vou mudar minha vida!
Foi preponderante para mim aquela noite. Inspirador. Deixei um casamento falido, uma profissão que já não me entusiasmava mais e fui atrás de outra vida. Mudei tanto que parecia que aquela pessoa já não existia mais e que nunca existiu, talvez...
Então, me tornei Rose Leonel. Minha profissão definiu meu nome. Antes eu era Rosemary Leonel. Depois que comecei a trabalhar como jornalista, precisava de um nome  para assinar as matérias. Assim, cheguei em um consenso comigo mesma e dei origem a Rose Leonel - quatro meses depois que meu filho nasceu.
Hoje, meu filho diz que tem vergonha de mim, que preciso mudar de nome. Ele tem vergonha até do meu nome.
Penso então – eu, mudar de nome?
Não, não me envergonho do meu nome, embora eu pague um preço muito alto pra ser Rose Leonel. Não é para qualquer um... Ser Rose Leonel implica em ser sozinha, cuidadosa, cansada, estressada, conhecida, discriminada e obrigada a lutar contra um estigma que insiste em se estabelecer sobre o nome...E nessa guerra, digo não...-Eu sei quem eu sou e nada vai mudar isso!  E o estigma insiste em me bombardear, dizendo: -Você é pecadora, errada, culpada, criminosa e fadada a sofrer a vida toda. E eu  me ergo sobre essa situação e digo: -Não!
E nessa luta de identidade, entre o que eu sou e o que meu nome representa frente ao estigma que insiste em denegri-lo, entre o que as pessoas pensam que sabe que sou, o pré-conceito, me sinto muitas vezes acuada. Fico zonza e logo choro e penso que eu queria mudar não de nome, mas de vida, de corpo, de país, de mundo... Afinal, ser Rose Leonel não é pra qualquer um!
Daí fico pensando: em quem eu acredito? No que eu acredito?
O que eu quero? Porque estou aqui e porque tudo isso... Mas o único eco que tenho é o meu nome... que me leva a repensar, mesmo que não queira, em quem sou eu. E depois de muita lágrima perdida, eu volto a consciência e me lembro de quem sou eu e de como tenho que lutar pra continuar sendo Rose Leonel!

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